Retratos
sou no vento
uma pluma
à deriva
sou o grão de milho
engatado à espiga
fora da palha
sou translúcida imagem
tatuagem nos braços
do marinheiro
sou
a sombra da palmeira
desenhada pelo menino
no papel de seda
por dentro da poeira
dou forma às paisagens
sem saudades nos olhos
e na pele fria
não perco o movimento
equilibro-me no tempo longe
do esquecimento
ziguezagueiam palavras
na boca do andarilho
com jeito de mestre
em poesia e canto.
pousa um pássaro azul
perto das minhas flores.
sempre rabisco fantasias
requintadas para desfilar
nas ruas do velho Recife.
sou e não sou
o sonho breve
perto da tua
casa.