Retratos

sou no vento

uma pluma

à deriva

sou o grão de milho

engatado à espiga

fora da palha

sou translúcida imagem

tatuagem nos braços

do marinheiro

sou

a sombra da palmeira

desenhada pelo menino

no papel de seda

por dentro da poeira

dou forma às paisagens

sem saudades nos olhos

e na pele fria

não perco o movimento

equilibro-me no tempo longe

do esquecimento

ziguezagueiam palavras

na boca do andarilho

com jeito de mestre

em poesia e canto.

pousa um pássaro azul

perto das minhas flores.

sempre rabisco fantasias

requintadas para desfilar

nas ruas do velho Recife.

sou e não sou

o sonho breve

perto da tua

casa.

Pedro Porta
Enviado por Pedro Porta em 04/11/2017
Reeditado em 04/11/2017
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