ANSEIOS
ANSEIOS
Os anseios são as piramides,
as pirâmides dos seus anseios.
Consomem o imenso contorno q consome
o contorno dos corpos q sangram e consomem.
A sangria na praca sem árvores,
as árvores que nada perguntam sobre a sangria ,
as perguntas do tronco a raiz
A raiz dos desfavorecidos, os desfavorecidos surdos e mudos.
Os mudos q ouvem a voz.
A voz fora da voz, a voz jovem sem cara.
A cara de poucos amigos, os amigos sem ideais.
Abutres no Alto da estátua, a estatua do criador da cidade.
A cidade esta um inferno, o inferno despedaça os infelizes.
A soberba e a luxúria dos poetas,
os poetas do plenário inflamado,
a flama grita nas tribunas.
As tribunas a procura da Honra,
a honra baila nua, nua sobre o poste da bandeira.
A bandeira como homem só,
a solidão do estudante sem livros,
os livros esquecidos nos botequins,
os botequins de homens em farrapos.
O farrapo da donzela que anda,
anda entre as rodas dos caminhões,
os caminhões perdidos na estrada.
As estradas como fantasma q assusta,
o susto da pequena órfã, a órfã e o seu pavor.
O pavor em sua rede tosca,
a tosca igrejinha q chora.
O choro como destino,
o destino como enforcado,
o enforcado angustiado.
O angustiado como rato,
os ratos nos bueiros da cidade,
a cidade entre a fome e a miséria.
A miséria é a cara do povo.
O povo q contorce seus corpos,
músculos apodrecidos,
flutuam cadáveres,
cadáveres na avenida Brasil.S.ol