NERUDA E MATILDE

Respirava a brisa nos lábios da amada

Pulsavam-lhe as veias na cantiga dos seus beijos

Sugava de sua boca a razão de existir

Versava longos poemas sobre a pequenina coroa

Sobre os seios de flores

Colhia as pedrinhas preciosas ao redor

Mastigava estrelas naquele céu de delícias

Matilde, mulher

Matilde, que nem sabe

Matilde, que nem quer

Mas que lhe era a razão de viver e resposta sem ciência

Abria-lhe a janela

E dela roubava docemente as flores

Matilde era jasmim e jasmineiro

Reinava entre cheiros, sem daquilo entender

Só se entregava

Tradução do dar-se e do prazer