POÇO DA CRUZ - Rio da minha infância
Velho riachão de inúmeros segredos
A ti contados, por mim, em silencio.
Amigo de infância, cúmplice de enredos
Amado regato, sereno e fagueiro.
Quando em criança me vistes correr
Sob tuas árvores densas e frescas
Acolhendo-me em tua sombra: Que prazer!
Livre e a brincar nas relvas mais crespas
O tempo passou e os nossos caminhos
Com rotas diversas iremos seguir
O meu, incipiente, só sabe o destino.
O teu, já traçado, terás que cumprir.
Adeus meu regato – já fiz a bagagem
Vim dar-te um abraço – amanha partirei
Levando, marcada, na alma a imagem
De quem eu teu colo meu pranto lavei
Quem sabe, um dia, eu possa voltar.
Menino, não mais; agora, homem feito
Adentrar no teu intimo; a saudade matar,
Nadar em tuas águas, mergulhar em teu leito.