Joga merda no poeta
Poeta bom é poeta morto
Inda mais se for um poeta tordo
Ainda mais se ele for
Só coração.
Que o diga Maiakovski
Que se matou na porta da amada ausente
Adeus revolução
(manda prender o coração do poeta)
A poesia é minha casa
Minha cama
Com ela me deito com ela me levanto
Poesia é espanto
Abre janelas e portas
É vendaval na prateleira arrumada
(parem o tempo, segurem o poeta)
La vai ele o poeta, sem público
Jogando barro, nódoa
Na roupa de brim banco
Dos notáveis
Sem claque, sem editora, só, na noite vadia.
No meio da rua
No meio da noite
(palmas escasas para o poeta)
Ele é assim, inexato, impreciso
o poeta descompreende
O momento de crise
Falta teto, falta pão, falta moral
Sobre ladrão
Mas ele quer poesia aqui e ali
No dia-a-dia
Quer poesia onde não devia
Quer alegria
Quer canção
(joga pedra no poeta)
Imagine o poeta
Quer viver de poesia
Qual é a sua meta
Seu projeto de vida?
Falta sentido um plano de saúde
E se lhe falta métrica
Eerudição, poesia concreta
Apoio intelectual
Formação formal
(Tira diploma de poeta, poeta)
La vai o poeta de rima incompleta
inconcluso
Poeta sem métrica e até sem rima
(A poesia é a minha pátria)
Ele revela a real, anárquico
Critico social
E chama todo político de ladrão...
(porrada no poeta patriota)