Velho Menino
Os anos passam como espasmos
e os ventos sequelaram as pálpebras
que olhavam entre as arestas
de uma ampulheta de areia diáfana
sonhos lúcidos sobre lembranças
antigamente o sol era fácil
pigmentos opacos das noites
esquecidos n’algum jardim sem flor...
Esperanças de um porvir inócuo
nuvens plúmbeas de pensamentos
e os rios já não correm depressa
e as estrelas assustaram os mortos
com arrebóis de horizontes rachados
como espelhos ziguezagueantes
refletindo fogueiras e saudades
no brilho dos olhos do velho menino...