ADOLESCENTE ADOLESCI
Como roceiro, adolesci manuseando...
Enxada, foice meia tomba para bois, ou meia
tomba para cavalos. Rocei Junquiras, pastos,
quiçaças e Capinei... Maravalha criciúmas
fumo-bravo, amendoim-bravo, fedegoso,
capim-amargoso... Passei veneno com maquina
costal de 20 litros e arei terras para plantio
de sementes... Plantei com matraca: Feijão,
arroz café, milho, amendoim algodão... Até
capim colonhão, plantei grama estrela-africana
e até mesmo, capim elefante parecendo cana
devorados pelos bois, com fome bacana.
Como adolescente da roça, adolesci... em casa
de terreiro extenso, adolesci, com pião, pote
e moringa d'água... Olho de mina na cacimba
riacho com monjolo no ribeirão, lá na roça a
noite, eu cresci ouvindo o canto do galo o pio
da coruja e ao amanhecer... O sabia cantarolava
na duvida tentando adivinhar a tão esperada,
chuva. Lá no chiqueiro de pau a pique o porco,
carregava a banha para enlatar com carne frita
e para fritar os bolinhos de trigo.
Como adolescente, na roça, n'aquele terreiro
grande, nos finais de semana, eu rodava pião
e a noite na fogueira o anel era a brincadeira
as vezes, o jogo de dama era símbolo de esperteza.
Sem eletrônico p'ra viciar... Jogava-se trilha
amarelinho e tinha uma corda para com vários,
punhos, esticar ou pular.
Quando adolescente na roça... Chupei cana
descascada, lambi melado do caldo, moído
lá no engenho, misturei farinha do tacho e
herdei ética com empenho. Chiclete? Era só p'ra
bode, quando ele engolia milho sem eira e sem
beira e logo mais, lá longe do candeeiro ele
remoia a noite inteira! Tinha musica, tinha radio,
o radio... Era uma caixa de madeira, para escutar
na boca da noite e decorar, depois cantar pelas
festas festeiras para o povo do lugar.
Todos os dia, como adolescente, eu arriscava uma
musica na viola... Dona foice. lá na roça as únicas
fotos colorida, era os da folhinhas 'calendário',
que pendurada na parede, marcava as datas da
vida as chuvas d'água, e as secas das sedes.
Antonio montes