CONTRAMÃOS DOS PÂNTANOS
Gotejo laivos sanguíneos
Pincelo-os em traços de dor
Quiçá só versos arredios
Da fonte que verte amor.
Embora evite rimas vazias.
Troco de estilo
E de rota.
Aviso em letras gigantes:
Dor e amor fizeram pacto de vida
Simbiótica...
Por todos os caminhos do mundo.
Poesia robótica.
Tudo sem lógica.
Na minha terra rachada
Traço rotas de contramãos
Só elas me me despertam passagens alvissareiras,
Posto que todas as rotas comuns
Me entendiam.
A voz arrogante me nauseia.
A vaidade patética me dá vergonha.
Os discursos me enojam.
Os preços-todos!- eu os pago
Um a um!
Pago juros de contramãos.
Não assumo dívidas impagáveis.
Sigo na certeza
Do aprendizado necessário
De que nada é gratuito.
Até obedeço.
As damas-ah, quantas!- me fazem rir.
Todas, absolutamente todas
Ridículas!
Como se vingadas da sua gênese
Sépia, dum fruto mentiroso, mal cheiroso,
Infrutífero.
Fujo delas pelas contramãos.
Tudo de aparência falsa,
E enfeitada...
Vidas caricaturadas.
Dum nada mórbido
Insípido e vazio...de fins.
"Selfie nunca self".
Por onde anda Narciso?
Por aqui perdeu o pódio.
Muitos são os seus concorrentes
Influentes, negligentes e incompetentes.
E os ensaios dos parques?
Insígnias dum tempo abobado.
Se avolumam em pseudo personagens
Fabulosos, mitológicos...
Que se mesclam em números do nú,
Despidos na vulgaridade das
Das aparições sem sentido.
Quantas princesas sem príncipes
Sem princípios
E sem coroas...
Aliás, quantos príncipes sapos
Filhos atávicos dos reis pelados
Travestidos de alegorias da inconsciência.
Só "trailers" de vidas que nunca vingam!
Quanta beleza rara
Sem raridade alguma.
Nessa hora até Narciso quebra o espelho.
A arte resfolegante pede trégua
Das inéditas contramãos.
É possível se explicar a arte?
E expoliá-la?
Poses eróticas me fazem rir
Dum animalesco irracional de si.
Quanto contorcionismo....meu Deus!
Só para se fingir vida útil.
É engraçado se ver ensaiar
A se apartar
Da impotência perene
Dos iguais seres perdidos.
Nesse todo,
Quando um pássaro canta
Quando a relva se abranda...
E uma flor do campo rebrota no pântano lamacento...
Eu ganho asas e perfume.
É como vencer todas as guerras invisíveis.
Milagre... existe.
Ali , na poesia recôndita dos pântanos
Eu me reencontro em rima concreta
A me aliviar...
Das minhas contramãos compulsivas.
Dor, amor e flor.
Tudo simplesmente simples...
E lindo.
Faço quaisquer versos, então.
Todos mesclados no pleno odor
De se reamanhecer em essência.
Mistério e complexidade:
Não há respostas....
Plena,
Sigo assim, de alma limpa.
É quando me retomo na verdadeira mão do meu real sentido.