MERETRIZ DA GUAICURUS.
Quem ousará
desflechar seu verbos
imundos,
sobre a meretriz da rua
Guaicurus,
quem desviará o caminho
para fugir do seu corpo
demoníaco.
a noite colocou-a sobre
o frio concreto da sarjeta,
lá está ela sem sentidos,
os cabelos desgrenhados
sobre o rosto pálido,
suas curtas vestes expondo
o templo santo do fugaz prazer.
Quem a estenderá as mãos
para recompor sua dignidade,
quem a benzerá com a mão
canhota?
Os religiosos com suas vestes
santas,
que passaram a noite fornicando
em fantasias,
Ou o pastor que segue ao
templo com sua bíblia
sobre o braço,
ele que despe
com os olhos as fieis,
o padre que se perde em
devaneios.
Quem terá a coragem de chegar
a ela e limpar as marcas da noite
visíveis no teu rosto,
e quem usará seu tempo
para devolvê-la a vida?
Enquanto o dia se adianta,
os donos da moralidade
se desfilam ,
e a meretriz vara o dia na inércia
de uma noite de pecado,
Mas quem o julgará
melhor que ela?
Várias são os olhos que
a olharam,
poucas serão as mãos
que á estenderá,
mas
o silêncio, dono de cada um,
dirá,
que a vida é só um sopro,
e o verdadeiro valor ,
está sob os olhos de Deus.