Eu, meu, meu eu.
Preciso descansar
Calar essa voz interior
Que me chama o tempo todo
Solicita, pede, demanda...
Olho no espelho
Vejo o meu rosto
Eu falo e ouço a minha voz
Quem é esse eu onipresente
Que divide comigo as horas do dia
E que está também nos meus sonhos à noite?
Um eu que grita até que ouçam
E que chora até que se compadeçam?
Um eu que habitou vários corpos
através dos muitos anos
Mas que não mudou tanto assim, tem o mesmo jeito, tem a mesma voz?
Ecoa em meus ouvidos
Eu, meu, meu eu...
Erva daninha que cresceu
na grama do jardim
E agora toma todo o espaço,
Sobe pelos muros,
Invade espaços alheios
Deseja acolhimento
Tudo quer e nada oferece realmente
Um eu entranhado na mente
Delusão descontente
Difícil de extirpar.
Cláudia Machado
26/10/17