PROTESTO MACUNAÍMA MACUMBA - FORA TEMER
não sou isso nem aquilo
cabem tantos ismos em mim
que não sou ismo algum.
mas sou comum nisto
à parte isso
no resto não me encontro
digo logo ao feio que é feio
e não permito que chegue mais perto
se preciso, grito
sem abrir a boca eu grito
longe da passeata e dos viadutos
quão mais longe de Brasília mais pulsa meu pulso
o que tenho não é prata nem ouro
mas incomoda muita gente não ter
vem que no caminho descomplico
cultura não vem de berço, explico
em berço esplendido traça também rói
*
havia praça na rua quando passei
pracinhas armados de fuzis floridos
atras de trincheiras sacos de feijão
havia pedra no caminho e mais poesia
apesar do mar de lama, ouro preto
ainda está do lado de mariana
salve alferes, salve poetas
liberta que também será livre
*
de pensar e sentir e não ver
de onde vem os espinhos dessa rama de petróleo preta
que nunca fica limpa e justifica ser lavada à jato
a conjuração não sai
e minas sucumbi
a paraíba sucumbi
o acre sucumbi
tocantis está na moda, é tema de novela mas sucumbi
os estados da federação sucumbem
somos carvalho esquecidos dos troncos erguidos
na dor abrasiva da cobrança dos impostos
das incontáveis conjurações
*
canta que eu canto
minha voz ecoa na voz do seu pranto
canta que eu canto
você não está sozinho, seu nome é Legião
canta que eu canto
nossa voz tem lastro na foz da história
canta que eu canto
fé na poesia, pé na estrada
*
o que é nosso é de lei
de odair josé à josé celso martinez correia
fernanda montenegro é macunaíma
olavo bilac é macunaíma
josé de anchieta não é macunaíma
michel temer não é macunaíma
esse estado não é macunaíma
feijão com arroz, macumba, amem
*
não há lei para o desenlace da união
mas a fome precisa ser lembrada
memória é prato frio a ser requentado
oxalá brasil incendeia
no braseiro da cultura
incendeia
aqui segue meu abraço
um abraço, meu amigo
minha amiga, aquele abraço do gil nesse rabisco em linha reta.
*
*
Baltazar