O PRIMEIRO AMOR DA MINHA VIDA
Descendo pelos degraus da noite
Eu chego ao teu pequeno quarto
O amor ainda resiste na carne surrada
Sob os trapos de uma princesa em cacos
Teus olhos embriagados me fiscalizam
Fecham-se me convidando para te amar
E desfrutar do que ainda resta em ti
Depois que o mundo te triturou toda
Em suas engrenagens untadas com sangue
Eu sei que por ti eu tenho o amor mais sincero
Pois nada de ti mais espero além da permissão
Para explorar tuas minas escassas de diamantes
Mas eu me contento com o musgo em tuas rugas
Deixei a dois andares acima de nós outras possibilidades
Para estar aqui e velar teu sono pesado em meus braços
Não menosprezo o primeiro amor da minha vida
Ainda que rios de vinhos e ilusões tenham nos separado
Eu voltei para terminar o último beijo interrompido
Não vou vasculhar o fundo do teu bolso da memória
Para encontrar vestígios das muralhas erguidas
Apenas deixe-me passear entre as úlceras da tua pele
Para que meu carinho possa curar as feridas da tua alma