O PRIMEIRO AMOR DA MINHA VIDA

Descendo pelos degraus da noite

Eu chego ao teu pequeno quarto

O amor ainda resiste na carne surrada

Sob os trapos de uma princesa em cacos

Teus olhos embriagados me fiscalizam

Fecham-se me convidando para te amar

E desfrutar do que ainda resta em ti

Depois que o mundo te triturou toda

Em suas engrenagens untadas com sangue

Eu sei que por ti eu tenho o amor mais sincero

Pois nada de ti mais espero além da permissão

Para explorar tuas minas escassas de diamantes

Mas eu me contento com o musgo em tuas rugas

Deixei a dois andares acima de nós outras possibilidades

Para estar aqui e velar teu sono pesado em meus braços

Não menosprezo o primeiro amor da minha vida

Ainda que rios de vinhos e ilusões tenham nos separado

Eu voltei para terminar o último beijo interrompido

Não vou vasculhar o fundo do teu bolso da memória

Para encontrar vestígios das muralhas erguidas

Apenas deixe-me passear entre as úlceras da tua pele

Para que meu carinho possa curar as feridas da tua alma

Cláudio Antonio Mendes
Enviado por Cláudio Antonio Mendes em 27/10/2017
Código do texto: T6155008
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