PRESÉPIO DE MEMÓRIAS

A cava esconde desejos insanos,

sonhos e planos de mãos calejadas

perdidos ao longo do caminho.

A mina ruidosa aos poucos silencia

nas profundezas do porão a céu aberto.

Quantas almas soterradas na lembrança.

Quantos abraços e beijos perdidos

em turnos de infinitas poucas horas.

Chibatas de veludo, silenciosas, preludiando o pão.

Um portal criando e dizimando esperanças.

Ser grande e ser tão pequeno.

Um anão em terra de gigantes.

O proletário soterrado num cemitério de sonhos.

A figura imortal do poeta regando novos versos

que brotam em torrentes caudalosas.

Tudo isso norteia minhas noites de insônia.

A esperança repousa num emaranhado de versos,

às vezes sem palavras amenas.

No balanço da rede embalo meu grito de alerta

que ecoa além de todo o vale do Rio Doce,

sobre um leito lamacento e triste,

enquanto o blue dust silenciosamente adorna meu leito,

eterno presépio de memórias.

Saulo Campos - Itabira MG

Saulo Campos
Enviado por Saulo Campos em 27/10/2017
Código do texto: T6154485
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