amou sim

estico-me todo nesse

carredor de coisas flutuantes,

teu nome passou por mim, a

pura palavra que apontava para

tua tragédia, quem desceria tão

fundo só pra te pedir um beijo?

alguém que te ama, não o teu nome,

mas tua vida de cetim e amargura,

o teu esforço pra se fazer amada, seu

imenso castigo nessa terra de tantos

donos, o teu abandono, a tua dor que

ainda corre por veias imaginárias.

o teu vestido curto quando jovem, o teu sorriso

ainda virgem, sem o descaso daqueles dias

secos, o afeto no teu lábio molhado, o sexo

te falando para todos os que te queriam, imagens

que cortam meu coração,

saiba que no lugar

de teu desaparecimento, nasceram versos

sujos de sangue, carne na pele de uma flor,

porque do teu jeito, amaste, do teu jeito

foste um rio que vagou, um rio que esparramou suas

águas, que deu àquelas terras a fecundidade de

outros dias.