Cidade Do Meu Sangue
Venho aqui sempre
ver o Sol da cidade
como se fosse a primeira vez.
Nunca se fez esta luz
nem nunca esteva tão escuro.
Ouço Samba em Lisboa
junto ao cais
nesta cidade do mundo
que já não me pertence
mas disfarça o Fado
e o coração triste
daqueles que nos rodeiam
enquanto o Sol me aquece
e a alma não arrefece...
Venho aqui sempre
onde os meus pedidos são aceites
como se fosse este o lugar do meu mundo
e é!...
Onde o profundo é disfarçado nesta alegre vista
e o perfume ainda consegue ser o mesmo...
Se todo este cintilar
fosse poesia iluminada
onde começa o principio da estrada
e o fim do Mar
era com certeza o meu navegar...
Entre toda esta linguística que me rodeia
salta-me à vista uma idosa a passar
com as rugas a escorregar
pelos braços estendidos
com sorriso de Sol
onde ouço todo este bater.
O "grito" da Gaivota
um porto solto
embarcando em magia
neste véu de luz Azul
onde paro a minha vista
e observo todos os ângulos.
O lar já me chama
mas a vida aclama pelo meu vazio
este bater não é eterno
antes fosse...
Morro em ti e por ti
Lisboa...
Para em ti renascer
cidade do meu sangue...
Nuno Godinho
24-10-2017