Pressa
Com o passar dos anos, você reconhece a paciência,
A pressa já não conta...
Gostava de ser livre, caminhava como se pudesse voar.
Estava enamorada pela vida, não havia nada melhor.
Sem saber que tempo era àquele, podia viver qualquer dia
da semana no meio do dia ou da noite, sem pressa.
Só precisava do vento, da chuva, do mar, e do sol.
Pescava, corria, não pensava no anzol, olhava o infinito
que adentrava à sua alma e ao seu olhar,
Não pensava na idade, tinha uma alma de criança.
Não ansiava os amanhãs. O hoje estava lindo!
Sorria com os gritos dos passarinhos, imaginava-os
construindo o seu lar,
Queria ajudá-los com lentidão à arrumar os seus ninhos.
Pensava em matar num rio qualquer, o seu calor,
a sua ansiedade de viver o seu amor. Queria... Dizer
para a plantação verde, que tudo estava tão bonito!
Queria ouvir o eco do amor. Queria as cores da natureza,
que ela amava, cores que lhe reanimava. Escrevia contos dum amor que só ela conhecia, e mais ninguém... Poemas tristes, fazia. Na hora de fazer o peixe, imaginava um gosto secreto
dos beijos que nunca teve. Embaixo da árvore,
em seu pic nic ...
À sós,à largo céu, inventava a hora do almoço, cairia bem, um suco de melão
em sua companhia, sabia, ele gostava.
Mas fazer o que? Se não era com ela,
dele, a alegria... Ele amava outras,
e mais outras, era poeta! Ela não, ela
não era poeta, amava somente um. Era fiel ao seu único amor.
Enquanto as suas palavras saiam suavemente, o seu coração ficava leve. Mais tarde, com calma iria imaginar-se em suas, àquelas mãos desejadas, que não existiam.
Apagaria tudo da sua memoria, não tinha mais o direito de com ele sonhar. O sono pesado, sem sonhos, vem manso, deixa a noite mais tranquila. Iria acordar e viver em sua simples forma de acreditar num mundo só seu. Seu simples jeito de ser.
De sorrir! Simples jeito de querer, não iria mudar. Seu jeito tonto de amar, de viver, de ter mesmo tudo e ao mesmo tempo nada, assim, onde tudo com ele era restrito. Pensamentos pequenos, sem rumo, queria um futuro que não existiria. Sentada no jardim da ilusão, para na grama, escrever amor,
Olhando os beijos do beija flor. Que terreno infértil era a sua ilusão. Casa vazia... Sopa quente com torradas, calor, banho de água fria. Feito àquele desconhecido e tão amado coração.
- Liduina do Nascimento
.,