AMAR
Sem saber como, amar pleno de ausência,
Fogo das horas
Cúmplices, entre rigores e acasos,
Dentro de fábula em curso furtivo
Quando segredo é sentido.
Outros compensem com jogos seu medo,
Ogro faminto,
Amo de espírito e corpo, e querê-la
Traz mais verdade aos assombros do agora
Que elaborar nossas culpas.
Mudo o querer, por decoro interdito,
Pena ou capricho,
Rompe de súbito as travas e aldravas
Disso que há tanto o continha, relíquia
Mais que profana do mito.
Venho de busca velada nos dias
Sob duros céus,
Pelos seus haustos gentis desdenhando
Flâmula, louro e troféus perseguidos
Pelo que não pode amá-la.
Quantos cantaram seu nome sagrado
Indignamente!
Muitos fizeram-lhe a corte e, em vão,
Frívola estátua cravaram na testa
Dessa cidade sem lei.
Por alamedas de encantos sem prazo,
Rosas à espreita,
Contra as sentenças do breve, amar tanto
Quanto o suporte o durar nosso espírito,
Pira que a brisa constrange.
Deixas que a incêndio sugiram convite,
Senha de urgências,
Língua dileta em dialeto que a amor
Seja o evangelho, o grimório, a cabala
Sobre as linguagens do mundo.
Cores de amar sem saber como ou quandos,
Sangra, a memória!
Dores, que a mira dum deus secundando,
Falam de chama que dança e consome,
Poses em farsa que evito.
Amo, e sabê-lo será meu emblema
Entre os que choram.
Longe, na antiga colina, suspiros
Surdos, sem rumo, farejam meu rasto
No entardecer, previsíveis.
.
Sem saber como, amar pleno de ausência,
Fogo das horas
Cúmplices, entre rigores e acasos,
Dentro de fábula em curso furtivo
Quando segredo é sentido.
Outros compensem com jogos seu medo,
Ogro faminto,
Amo de espírito e corpo, e querê-la
Traz mais verdade aos assombros do agora
Que elaborar nossas culpas.
Mudo o querer, por decoro interdito,
Pena ou capricho,
Rompe de súbito as travas e aldravas
Disso que há tanto o continha, relíquia
Mais que profana do mito.
Venho de busca velada nos dias
Sob duros céus,
Pelos seus haustos gentis desdenhando
Flâmula, louro e troféus perseguidos
Pelo que não pode amá-la.
Quantos cantaram seu nome sagrado
Indignamente!
Muitos fizeram-lhe a corte e, em vão,
Frívola estátua cravaram na testa
Dessa cidade sem lei.
Por alamedas de encantos sem prazo,
Rosas à espreita,
Contra as sentenças do breve, amar tanto
Quanto o suporte o durar nosso espírito,
Pira que a brisa constrange.
Deixas que a incêndio sugiram convite,
Senha de urgências,
Língua dileta em dialeto que a amor
Seja o evangelho, o grimório, a cabala
Sobre as linguagens do mundo.
Cores de amar sem saber como ou quandos,
Sangra, a memória!
Dores, que a mira dum deus secundando,
Falam de chama que dança e consome,
Poses em farsa que evito.
Amo, e sabê-lo será meu emblema
Entre os que choram.
Longe, na antiga colina, suspiros
Surdos, sem rumo, farejam meu rasto
No entardecer, previsíveis.
.