EU VI AS SETE QUEDAS

Eu vi as Sete Quedas
Água jorrando em milhares de litros
Beleza indescritível
Eu vi as Sete Quedas com seu sorriso
Sorriso de Natureza
A vestir corações de alegria
Eu vi,mas meus filhos
nem os seus poderão ve-las.


Suas majestosas cachoeiras
Fizeram poetas,gerações curvarem-se
E era tanto verde a cercá-las
Tantos pássaros a acompanhar seu canto
E a velha passarela
Balançando vulnerável
Como a consciência dos homens.


Eu vi as Sete Quedas
Uma a uma ,majestosas...
Num desfile fixo posando sua plenitude
Depois a vi morrer uma a uma
E nós paranaenses passivos
Cúmplices de sete mortes
Mortes programadas
Em nome do progresso.
Enfim vi o Paraná emudecido
Vi as comportas fecharem-se
E com ela vozes humanas calarem-se
Em nome do progresso,da energia
Eu vi o verde nas águas se afundar
Vi a região oeste um lindo lago ganhar
E cidades se enterrarem no lago
O sacrifício, a morte ,o progresso....
E estava criada a maior fonte de energia do mundo


Eu vi muito mais
Vi quatro mãos  presidenciais
Acionarem um botão
E as comportas de Itaipu se abrirem
No mais eletrizante espetáculo
Já visto na fronteira.
Sincronizava-se as catorze cortinas de ferro
Era água virando tobogã,virando cachoeira


A natureza estava domada
O homem feliz com seu invento.
Olhei para minha barrida de grávida
E disse para meu filho
-Você não poderá ver as Sete Quedas.
Mas saberá os danos que custou à Natureza.