O DOCE DA MAÇÃ... TE GOSTO 'R'...

Noite...

Cidade de lobos

Cidade de bêbados

Cidade... Cadê a lua?

Eu sou sozinho na vida

e estou pensando nela.

Dia...

Ventanea momentânea e suave

Bocas beijando o sono

Cidade silenciosa e inacabada

Desejos de uma escrita nos muros do inexistir

É dia...

É diária...

É violência no rônco...

É diabretes na escadaria dos fiéis

É o sono de mendigos mortos de pães...

É dia... Mas sempre será apenas, nada

Nada e ninguém saberá outra coisa...

Suave é o mundo dos sonhos e suave em mim serás tu 'R'.

Dente doendo

Dente que estilhaça o coração na dor

Bêbados no pináculo da igreja...

Jovens cometendo roubos

Sonho e demônios chorando.

Escuridão na casa

Televisão corrompendo a mente vazia...

Nunca em Redenção um anjo foi visto

Mas nos amores o fogo arde

Nas trevas a opinião é luz radioativa.

Mulher falando com raiva

Homem pedindo desculpa a amante traída

Em Redenção a cidade revelada na sádica fé

Nessa casa morta de baratas

Nessa casa de terra e sêmen de gatos

O ódio corrompe gafanhotos políticos...

Escuridão iluminada pelo medo dos sonhos

Bêbados nus chamando à farra o despudorado vil

Cachaça e garapa de sangue na boca do morcego...

Seco e mais trevas aguçando leões do horror

Sentinelas que expulsam o dissabor do medo

Pois em milhões de borboletas canta a virgem...

Trevas...

Horror...

Medo... E fogaréu...

Tontura e vinhos do passado vadio

Quando os jovens saem para beber só os deuses são invocados...

Trevas...

Horripilantes...

Paixão...

Doçura...

Carinho...

Carícias...

E um cheiro nos seios...

O poema é o clamor dos embriagados.

Não ouço nada

Somente o vento trinando

Somente o balançar do velhinho pescador

Que acorda as três horas para ir pescar piabas

Um sentir dos rios selvagens...

nos sonhos dos nobres afogados na filosofia...

Muito bem aqui começa tudo

Vou falar do meu amor

Ela tem sete cabeças

Dois seios de pêssego

Duas pernas de mármore e ouro

Uma cor que excede a brancura da opala...

Sua boca cheia de diamantes lapidados no Sol...

Meu amor eu ti dou meu dom de ser escravo da paixão...

Tua nudez é pecado que leva ao fogo do existir

Tua nudez é tentação dos nove Infernos

Teus seios são os traveceiros de plumas místicas.

É trevas...

É medo...

É poesia da maldita solidão...

Por pensar apenas me renego um louco ordinário

Tu beleza Redenção é superior a do maciço...

Tuas mulheres Redenção é pecado de leveza no peito...

Oh onde estará a poesia das chagas da santidade virginal...

Quando eu beijar tua boca Redenção dar-ti-ei a alma...

Oh rosa de cachaça e juventude louca

Oh embriaguez do futuro um nada!

Um nada é a urtiga do preconceito humano...

Tempo nublado

Dezenas de crianças na cama

Milhares de adultos ejaculando o Brasil

Muriçocas loucas por uma brecha no Sul

Ratazanas matando idosos

Gafanhotos nos seios da militância cruel...

E eu escrevendo uma esquizofrenia felina e...

Fatal... E pensando somente e somente...

Canta um clamor poderosa aurora maldita nas prisões...

Meu amor é ridículo...

Meu amor são ferozes e ferrenhas palavras...

No meu não imaginar a realidade flui nuvens

e ridículo é o amor de feio aspecto misterioso do Sol...

Onde estará ela...

O pecado ascende vela negra

E nas encruzilhadas é invocado o papai Noel de salafrários...

Porquanto nas ruas de Redenção todos sonham com Acarape

Me pergunto de joelhos o que aconteceu...

Me pergunto o que foi o naufrágio da abelha no mar de mel

Quando existirá uma política negadora de uma maldade frígida

Pois no arco-íris há duendes chupadores de sangue e fel

Brasil apaga de Redenção as trevas

Redenção apaga de ti o Brasil

E embriagados apaguem de vocês mesmos essa triste poesia...

... Dum rapaz que é virgem de desejar a maçã

Apenas a maçã...

Apenas a donzela...

Donzela que arrebatou-me...

Mas mesmo assim, apenas a maçã...

Maçã rósea feminina...

Sem que se perca o pecar...

Mas nunca o doce do viver.

Te gosto 'R'.