TANGÊNCIA

Poesia ao dia da poesia

Minha lógica sempre tangencia o óbvio.

Nunca me satisfaço: eu sempre quero mais e a mim poesia é todo dia.

Via de saída.

Com pincel fugidio, então, tinjo a realidade a desviar toda rota fustigada de absurdos ...

Para que me possa fluir em poesia ao derredor de qualquer mundo!

Com cores de abstração da dor que não se vê, grito

Acelero o pulso sem nunca entender,

Busco a palavra certa, altruísta, escondida, pergunto, perco a palavra,

O verso, a rima.

Perco o tempo, desafio sempre concreto da relatividade...

Me perco, reencontro quase tudo.

E nunca aprendo o porquê de à poesia não lhe ser concedido o DNA do entendimento, tampouco a aceitação dos óbvios.

Poesia é só vão e duro questionamento.

Pedido de socorro de tudo ao todo.

Poesia é alento, talvez. Que ninguém ouve.

Mesmo assim, insisto e poeto.

Desarmo a rima perdida naquilo que já foi e mais uma vez tangencio o tempo para voltar ao possivel ser.

Poesia é atitude ilógica no exato tempo do nada, sempre a tangeciar as possibilidades inexistentes.

Máquina do tempo.

Poesia até saudade pode ser,

Algo como só o fingimento sentido de fazer verso de anversos de prazer

Só para se enfeitar o inferno!

O das realidades.

É assim que poesia opera milagres:

no abstrato do belo, sempre ali, voz de lâmina afiada,

a tocar a linha da vida

na tangência dos mais belos sonhos.

Ainda que sempre

Na tangência intangível das razões.