AMOR É MAIS
O Amor em todo caso instaura o dia
Que finda a espera, e o quanto descortina
Expõe quem somos e o que se perdia
Em vão por medo e orgulho.Não destina
Amor seu nome à letra que se esquece,
Ao drama fátuo, à trama que perece –
Mas muda o quanto fomos em detalhe
Que só se expõe pelo outro, em tudo oposto,
O espelho que completa em cada entalhe
O todo após espera, dor, desgosto.
Em todo caso a cor, as rosas, o ouro
Pretendem selo, o elo duradouro.
Será o emblema que se quer tão nobre
Quão digno o objeto ao qual alude em si –
Heráldica que herdeiro não descobre
Por caprichos do acaso e diz "Venci!".
Atenta ao que do breve vai durando
À alheia vista já sem como ou quando.
Amor que muda em canto a minha rima
No rasto duma seta em tudo exata,
Embora a queiram só capricho e exprima
Paixão volúvel sem medida ou data –
Não tanto o deus errando a flecha, tiro
Perdido ou tema dentre os que prefiro.
A quem por dor ou por fraqueza o tenha,
Exibe aspecto oculto num detalhe
Que o revele, e então cale a voz roufenha
Do estúpido que diz que nada vale.
O pensamento falha estando ausente
O Amor, é lapso altivo e comovente.
Amor restaura as vias de durar
Valendo a pena cada pôr do sol
Seqüestrado, algum resgate sem par
Contra ilusões que um parvo confessou.
Prescinde de razões, depõe motivos
Dos inseguros, belos e evasivos.
Há mais em cada riso que desenha
Que o que supõe o altar festivo ou o pajem
Em tédio – Amor é mais, é o sonho e a senha
Do estar aqui com propriedade, a imagem
Que escapa aos meus recursos e que encerra
As chaves dalgum céu aqui, na terra.
.
O Amor em todo caso instaura o dia
Que finda a espera, e o quanto descortina
Expõe quem somos e o que se perdia
Em vão por medo e orgulho.Não destina
Amor seu nome à letra que se esquece,
Ao drama fátuo, à trama que perece –
Mas muda o quanto fomos em detalhe
Que só se expõe pelo outro, em tudo oposto,
O espelho que completa em cada entalhe
O todo após espera, dor, desgosto.
Em todo caso a cor, as rosas, o ouro
Pretendem selo, o elo duradouro.
Será o emblema que se quer tão nobre
Quão digno o objeto ao qual alude em si –
Heráldica que herdeiro não descobre
Por caprichos do acaso e diz "Venci!".
Atenta ao que do breve vai durando
À alheia vista já sem como ou quando.
Amor que muda em canto a minha rima
No rasto duma seta em tudo exata,
Embora a queiram só capricho e exprima
Paixão volúvel sem medida ou data –
Não tanto o deus errando a flecha, tiro
Perdido ou tema dentre os que prefiro.
A quem por dor ou por fraqueza o tenha,
Exibe aspecto oculto num detalhe
Que o revele, e então cale a voz roufenha
Do estúpido que diz que nada vale.
O pensamento falha estando ausente
O Amor, é lapso altivo e comovente.
Amor restaura as vias de durar
Valendo a pena cada pôr do sol
Seqüestrado, algum resgate sem par
Contra ilusões que um parvo confessou.
Prescinde de razões, depõe motivos
Dos inseguros, belos e evasivos.
Há mais em cada riso que desenha
Que o que supõe o altar festivo ou o pajem
Em tédio – Amor é mais, é o sonho e a senha
Do estar aqui com propriedade, a imagem
Que escapa aos meus recursos e que encerra
As chaves dalgum céu aqui, na terra.
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