CACHAÇA NA TAÇA

Essa taça, na qual me perco

em doze que obedeço

ao me tocar, me traça e tacha

os olhos turvam, eu padeço

o fundo da taça, me tasca

e eu me perco do endereço

nesse fundo da garrafa.

Essa taça que me acha...

Com esse gole de cachaça

envolve-me e me embaça

me lança, ao meio fio da praça

atiça-me, o som d'arruaça

embebido por essa taça...

O mundo me esconde a graça.

Essa taça cheia, tacha...

Meu ego perante as raças

a ebriedade a pirraça

a perdição dos sonhos meus,

o paralelo do meu fiasco

no cambaleado dos meus passos,

e nas margens do meu adeus.

Antonio Montes

Amontesferr
Enviado por Amontesferr em 19/10/2017
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