Avenidas
Na avenida ainda há arvores
E flores pálidas, em sedas de Pequim
Freiras, hóstias, e um cântico bem longe
Que me parece ser Gregoriano
E um mendigo que sorri falsamente,
Imaginária alegria
Passam os homens com suas dúvidas
Mulheres com suas queixas
A avenida vai passando
A avenida vai tragando o tempo
E o tempo engolindo a avenida
A lua de prata da avenida
Ainda vem vigiar lâmpadas
Que se perderam da noite
Hoje teve um queima de tecidos
Ontem, calçados e organdis
E uma porção de grinaldas
Amanhã, costureiras prepararão as noivas para o altar
O Lapidário K com suas turmalinas verdes
O meu Guru M e seus versículos encantados
Guardo na memória, tempos idos
Da chapelaria e jardins discretos
E um cheiro de maresia suave
Que vem contar segredos da saudade