Despudorado
Quero um verso meu nas tuas coxas
Cor de néctar, cor de ambrosia
Um verso ímpio, pagão
Gotejado no lugar aveludado do teu corpo,
Despudorado e ateu
Um verso dolorido
Surpreendente, feito de anjos decaídos
Como avenidas, sufocando outra avenida
De sacrilégios e princesas mortas
Um verso despedaçado
Feito de carne e nenhuma compostura
De vinhos, cheiros, litanias
Reunindo os meus e os teus pecados
Um verso de amor
Que esmague o teu corpo ao corpo meu
Cheio de vida, morte e vida
Até minha alma derreter na tua