Aparício Martins (AM) - Póstuma
“Com licença, posso entrar? ”
“Onde pensas que vai? Para adentrar, tens que suas benfeitorias citar. ”
“Só estou cansado, deixa ao menos me sentar”.
“Sente-se, e comece a falar. Temos pouco tempo, daqui a pouco a fila pode aumentar. ”
“Senhor, como imigrante cheguei a este lugar,
Pouco tinha, mas não faltou foi vontade para trabalhar.
Um pequeno negócio abri e família pude sustentar,
Enquanto alguns se fartavam com banquetes,
Pão, banana e mortadela, por muito tempo, foi meu almoço e jantar. ”
“Juntei dinheiro e na construção resolvi investir,
Comecei devagar, casa ergui para família morar.
Fui crescendo e meu lema foi qualidade e nunca desperdiçar,
Mesmo quando o dinheiro sobrava, nunca deixei de ir em obras para isso verificar. ”
“Empreguei pais de famílias, e de lá, o sustento pode tirar,
Construí vários edifícios e através destes, outros também pude empregar.
Reuni lojas em shoppings e empreendedorismo, pode alavancar,
Também construí hotéis, turismo cresceu e mais para trabalhar. “
“Ergui um império, porém lá tive que deixar,
Espero que alguém de continuidade e a outras famílias pão não há de faltar.
Sei que serei lembrado, por coisas boas e ruins,
Que fiz e deixei por lá. “
“Não agradei a todos, nunca tive a intenção de agradar,
Vários nomes me deram, me associaram a pessoas e coisas,
Que em respeito ao lugar, não é necessário comentar.
Tentei me segurar a vida, mas não tive forças, ela então decidiu me deixar. ”
“Fiz o melhor que pude e aqui estou a confessar,
Agora encarecidamente te peço, por favor, me deixe entrar. ”
“Sim amigo, pode entrar.
Fizeste o melhor que pode e desenvolveu o lugar que escolheu como lar.
Vá e descanse, esqueça o que deixou por lá,
De ti, por muito tempo, pessoas hão de lembrar. “