ONDE NASCI.

Onde nasci

era uma ilha de solidão,

só se ouvia a linguística

das aves, e os uivos dos

grotões,

quase tudo tive que inventar,

criei minha própria

liturgia,

só mais tarde conheci a

língua dos graúdos,

foi quando comecei a

desaprender a vida,

antes comia os esses

sem nenhuma pena,

usava com prazer a oralidade

do desconhecido,

o que me importava eram

os ecos que devolviam,

córregos me emancipavam,

a poeira eram meus livros,

por elas descrevia as varias

falas do amor,

o vento passava e levava

os sentidos,

nenhum mestre da ilha

me apontava o dedo,

comíamos no mesmo

prato,

mas veja como castiga o

destino,

hoje tenho livros e regras,

quase não invento,

mas confesso nada de

novo me traz sabedoria.

Divino Ângelo Rola
Enviado por Divino Ângelo Rola em 15/10/2017
Código do texto: T6143192
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