CEGOS

CEGOS

Afogo-me na superfície

Não há mais profundidade

Versões suplantam versos

Que brotavam pensados

Por tempos de reflexão

Não vejo mais limpidez em olhos

Tampouco bocas emitirem voz

Apenas imagens límpidas

Borram telas que se movem

Ao sinal de ventos sem tempo

Turbas de mensagens apócrifas

Turvam o enxergar da cabeça

Cegam pensamentos e percepções

Na ditadura da pressa

Presa do sintetismo que bóia

No sal que se propaga

Sem tempo pra doçura

Pro ato de amor

Naufragado no gozo

Sem preliminares

Um estupro no pensar

No amor que se faz

Sem tempo de dizer

Eu te amo

Eu te quero

Eu te desejo

Mas a morte em vida

Enterra sentimentos

Imagem sem imaginação

Verdade sem verdade

No toque de dedos

Sem coração

Arnaldo Ferreira
Enviado por Arnaldo Ferreira em 15/10/2017
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