CEGOS
CEGOS
Afogo-me na superfície
Não há mais profundidade
Versões suplantam versos
Que brotavam pensados
Por tempos de reflexão
Não vejo mais limpidez em olhos
Tampouco bocas emitirem voz
Apenas imagens límpidas
Borram telas que se movem
Ao sinal de ventos sem tempo
Turbas de mensagens apócrifas
Turvam o enxergar da cabeça
Cegam pensamentos e percepções
Na ditadura da pressa
Presa do sintetismo que bóia
No sal que se propaga
Sem tempo pra doçura
Pro ato de amor
Naufragado no gozo
Sem preliminares
Um estupro no pensar
No amor que se faz
Sem tempo de dizer
Eu te amo
Eu te quero
Eu te desejo
Mas a morte em vida
Enterra sentimentos
Imagem sem imaginação
Verdade sem verdade
No toque de dedos
Sem coração