Mordida


Meus dentes que mordem a vida,
Cortam a fatia louca de croissant,
Causam dor ao veredito previsto,
E entardecem as horas da manhã.


Meus dentes canibais do espelho,
Sangram a autonomia da imagem,
Refletem no marfim já descorado,
As grades da minha carceragem.

Meus dentes em facas cortantes,
Invadem o dia intocável, pela pele,
Rompem as veias velhas de antes,
E mancham o depois de vermelho.

 
Dado Corrêa
Enviado por Dado Corrêa em 13/10/2017
Código do texto: T6141439
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