SAUDADE VIVA

A tarde morre tristonha e languidamente

enquanto a noite se aconchega mansamente

na imensidão inda esmaltada de rubi...

Dentro do peito o coração em desalinho

vai se esvaindo entre lágrimas, sozinho,

carpindo as dores de um passado que vivi...

A paisagem é uma pintura sideral,

é obra-prima de um amor transcendental

que há milênios foi pintado noutra estância!

E o murmurar da doce brisa na folhagem

traz-me de volta, num soprar, a tua imagem.

que no instante estaca o tempo e a distancia!

Na penedia escuto um grito a me chamar,

mas me dou conta de que apenas ouço o mar

a me bramir esta saudade secular!

E as brancas ondas espocando no rochedo,

são como dor batendo n!alma num segredo,

que tanto amor não me permite revelar!

Nelson de Medeiros
Enviado por Nelson de Medeiros em 11/10/2017
Código do texto: T6139762
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