DEPOIS DOS 50...
Não me pesam os anos
Ainda que o espelho
Insista em mostrar-me
o que não quero ver;
Traços profundos
Preocupação expressa
Rugas de tristeza
Rugas de surpresa
O olhar;
Vincos ao redor dos olhos
De tanto rir
De tanto chorar
Curvas, retas, traços, trilhas
Semi círculos , sinuosos
É assim que a minha estória se faz
É assim que a minha estória se mostra;
Minhas mãos...ah, minhas mãos
Caudalosos e azulados rios
Que melhor seria
Se ali não estivessem;
O escorregar do corpo
Pela gravidade afora
Impossível impedir tal queda;
Mas lá no peito
Um bravo coração resiste
Saudável e forte
Um coração feliz
Que ainda distingue
O sul do norte
Que ainda insiste
Na vida e não na morte;
Coração valente
Que ainda quer colo
Quer paixão, quer emoção
Como se jovem inda fora:
Quem pode deter esta alegria
Que aumenta com a noite
E cresce com o dia ?