ventre da vida
bagos de brasas,
baldes de fogo,
eletricamente nesse mar
de imagens, pronuncio
teu nome, mas não olhos
os dentes do cavalo recebido
nem leio cartas endereçadas a
quem não ler, mas abro a janela
as oito horas quando moribundos
servem o ensopado de ervilhas,
escritura
espinhaço do tempo, torno-me
um acendedor de palavras,
chama-se poeta aos homens
que criam suas regras,
das passarelas suspensa
tua anca de veludo e carne,
mas quem passava era eu
com minha soberba de malandro.
cuspi tanto no prato,
teve um momento luminoso,
uma janela de vento e bondade,
e seus passos alimentava minha
vontade, tuas roupas leves, teu
gesto de juventude, não podia
saber do meu amor e da imensa
bagagem que levava, tinha a sua
frente seus próprios demônios,
onde anda agora, não te vejo nas
passarelas suspensas nem nas
margens que vagueio, vejo o rio
passar, limpo e fresco, na esperança
de ser mar, liberdade, instante bonito
de eternidade, vou com o rio e não
te vejo, se desisto, envelheço