salmoras
seu corpo me
chama, é chama!
voo que não se encontra
em qualquer esquina, me
apavora esse mundo de tristeza,
boques escuros, a noite em dia,
a cidade tomada de cupim, e teu
rosto palido, de uma languidez
sagrada e profana, teu hálito
armado até os dentes de sexo,
deito-me na noite e mastigo
a mémoria, a vontade que
fere a carne, que deixa o ventre
nu na esperança de tuas mãos,
respiro lentamente diante
de tanto veneno, respiro na
esperança de uma fiapo de luz
que aqueceria esse corpo tão
carregado de frio e frieza, então
me compadeço de mim mesmo,
ninguém precisa morar na angustiosa
lamina desses indigestos tremores
da noite.