O arauto

Para tudo deveria haver um mensageiro

e há,

por vezes ele não tem o endereço,

ou defronta-se com um cachorro travesso

e devolve ao remetente,

tudo deveria ser anunciado,

desconhecer não poderia ser alegado,

não haveria de repente,

e de nada seríamos descrentes,

sempre haveria tempo para a esquiva,

nada e ninguém andaria à deriva,

rotas previamente elaboradas,

não haveria mal súbito,

o coração daria sinais,

não haveria provas surpresas,

nem pratos estranhos na mesa,

ou despedidas não esperadas,

nunca seríamos tomados de assalto,

sempre estaríamos em guarda,

o mensageiro seria o cavaleiro,

nunca calmarias impediriam descobrimentos,

nem fortes ventos trariam o tormento,

e, à noite, anunciando à véspera meu texto,

na verdade se antecipando à inspiração,

me conta o que vou dizer,

então posso dormir sem medo de esquecer,

e não sem antes, eu contar ao sono uma oração

Roberto Chaim
Enviado por Roberto Chaim em 28/09/2017
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