a vida vale

Quem imaginava que o lugar que sempre buscou era aquele mesmo? estava calado e a imensidão das coisas ja estavam latejando.

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folha na luz

que quebra, jogos

insistentes que me

aleija, fogo, nojo,

rio de mim mesmo,

barril de gas e desespero.

onde ponho esse ódio

que já não cabe no peito,

esse amor mortificado

pelo despeito, árvore

de mim, em mim, entalada

nas galerias do peito, agonia feita

de galhos, vida forrada

com a aparência de cetim,

mas no seu interior, milhoes de folhas plantadas

na terra dos bugalhos, triste

tarde encarcerada no figado

como uma dor que não doeu

um menino que não nasceu,

um amor que não correspondeu,

salto pra outra margem, mas

todas elas são solitárias, germes

de templo inacabado, risco

seu nome no caderno, cinco

letras que me levaram ao inferno,

sangue envenenado navegando

para o mar, o que sobrou da embarcação?

nada, mesmo assim, vaga e se rebate

na água, treveja dentro do asfalto,

troveja no calcanhar, que suporta

quarenta e tres anos de espanto,

um tanque ensopado de mágoa,

no escuro, carregamos o escuro,

que não é passado nem futuro,

mas presentes feitos de muros,

arde saber, arde não ser, arde

não poder e poder massacra o

povo que assiste engessado o

comercial de uma vida perfeita,

arde saber e não saber, saber

que vamos morrer, que morrerão

em nós, antes da gente, o sonho

de viver,