= NO TEMPO DOS QUINTAIS VI =

NO TEMPO DOS QUINTAIS...

-VI-

E ainda tinha os canteiros,

Que vovó Dina cuidava,

Fruta de conde, mamão,

Abacate, manga espada,

Limão,

E

Uma horta inteira,

Do pé de alface ao agrião,

E principalmente,

Os jasmins do caramanchão!...

Esse “tempo” ficou em mim,

Como um sino que dobra e repica,

Que se entranha aos olhos, habita,

Rabisca fantasias,

Conta fábulas

Sobre bichos que se amavam,

Que falavam a língua do “PE”,

E outras, línguas inventadas,

De tão poliglotas que eram...

Ali morava o “impossível-finito”

Abacate espetado a palitos,

-Bois que mugiam-

Algodão que eram carneiros,

-Que baliam, baliam-

Que explicação não cabia...

Tudo era tão doce,

(Contrário da lágrima ),

Mais doce que o doce,

Que dava água na boca

A escorrer como um rio,

No leito do rosto,

No traço exposto,

Na ruga do tempo,

Sucessão de momentos,

Que o desgosto trouxe

Pra dentro da gente,

Pra dentro de mim...

Depois à tardinha,

Em céu de sol posto,

Como se “Eco”fosse,

Passou pelo muro,

Entrou no quintal

-Soprou lamparinas-

Caiu de maduro,

E tudo ficou escuro...

E

Sem que se imaginar pudesse,

A chuva tomou-me aos braços,

Com cautela e cuidado,

Livrando-me da dor...

Depois,

Não mais que de repente,

O tempo passou de leve,

E o que era bom acabou-se,

Quem sobreviveu,

“Melou-se.”

(...)

Niterói (Mª Paula), em 05.09.017.

Ronaldo Trigueiros Lima

RONALDO TRIGUEIROS LIMA
Enviado por RONALDO TRIGUEIROS LIMA em 26/09/2017
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