BARCO SOLTO...

Meu Deus!

Esta folha em branco

que me pede versos;

que espera carinhos

das palavras meigas

que sairiam de mim...

E se eu não for capaz

de tatuar na sua pele,

se esta alvura seguir

virgem por inaptidão

do poeta? - Se eu não

souber do seu apetite

de ser barco solto na

vastidão do meu mar?

Meu Deus!

Esses cacos de mim

que se projetam na

lauda que só queria

versos... Esse vento

que balbucia poesia

e me traz do ontem

as lembranças dela.

Se pudesse a minha

fala falar sobre nós...

Se soubesse a minha

alma sobre a fome da

minha carne; se fosse

apenas esse passado

a me queimar a face

que já viveu de amor!