Noite na cidade
Na cidade, a noite, muito obscura
raia, não cai, tanto para quem se arrisca
nas aventuras do mundo noturno,
como para quem aprecia o céu rotundo
Mesclado nas altas formas quadradas,
os retângulos com retângulos de luminosos,
as pessoas vivendo as urbanas vidas
mais vivas que os esportistas mais vigorosos,
Ou os trilheiros nas matas, a se arriscar;
essa gente se encontra com a Luz;
A trilha urbana, opção de se invejar,
é mais bonita que uma árvore de alcassus
E até mesmo que as paisagens mais amplas,
estendidas sobre o plano terrestre, no horizonte,
tudo aqui é próximo e ao nosso ouvido canta
um som mais real que a água na fonte:
As luzes, seus feixes, por função e beleza,
em cada canto, que movem a pupila
em cada retângulo, os neons em realeza
na estação e no reflexo da retina
Elas guiam, mas compõe esse esquadro
vê-se os outdoors, e os faróis como fantasmas
o avião no céu acima segue calado
mas as festanças pipocam sem calma
Alguns dormem, suas consciências viajam
como no trânsito, se esbarram, lotada
a rua mais vazia que chamam
de perdição eterna da alma
A seiva deste lugar, a brisa tão estagnada;
Vários prédios interrompem a paisagem
tornando o cru da selva imaculada
a obra monumental de uma miragem