Durma, filhinho querido e adorado
Durma, filhinho querido e adorado,
Fica tranquilo, o papai teu te ama,
Não tenhas medo, eu te tenho guardado,
Relaxa logo e adormece na cama.
O teu armário já foi bem checado,
Sob o colchão, lá nenhum mal descansa,
Vê na janela, é só a sombra do galho,
E teu papai te protege, criança,
De todo monstro invisível da noite,
Exceto dele, que empunha esta foice...
Foi tão facinho enganar-te dizendo
Que o ferro era pro monstro espantar,
Não suspeitaste por só um momento
Que era somente pro filho cortar.
Rapidamente, o pescoço vermelho,
Nem houve tempo de dor pra chorar,
Agora é tarde, trabalho está feito,
Um corte para o papai libertar.
Livre hoje está da figura nefasta
Da esposa morta, esfriada, acamada...
Mas será mesmo, terá liberdade?
Ou mais fantasmas cruéis perseguindo?
Ano passou-se, e notou a verdade,
Estava louco, e sozinho, e perdido.
Filho! Mulher! Deus, que o Hoje me mate!
Estou cansado da vida de vidro!
Se há pelo menos alguma bondade
Em vosso peito, tirai-me o destino!
De todo monstro visível da noite,
Mais odioso é o papai que tem foice...
25/9/2017