Cidade sem cor
Cidade sem cor
Andando por ruas sem explicação
Cada passo dado fico mais abismado
As luzes dos postes falham
Piscam como uma árvore de natal
A neblina densa cai sobre as vielas
Anuviado, não enxergo há um palmo à frente
Sigo por instinto natural
Vago por cantos negrumes
Lugares onde a cintilância do dia fica fosco
Olho a minha volta e paredes coloridas
Se descascam em cinza
Parece que a imersão da escuridão tomou posse de tudo
As árvores carcomidas
Soltam folhas secas
Elas não mais sorriem
E fica nítido toda a tristeza derramada
O vento débil que assopra, tem um cheiro de desânimo
O presente momento é degradante
As pessoas que agora passam
São sub-humanos
Carregam olhares sem vida
Com fardos flamejantes em suas costas
Alguns rastejam com gemidos que se assemelham a gritos
Parado, fico constrangido com tamanha insipidez
Pusilanimidade ancorada naquele local
Um desconforto toma conta
E de ruim, fica péssimo
Aquela onda desgraçada de falta de ânimo
Vai contagiando
Vejo minha pele se destacando
Minha expressão se derriba ao chão
Nas costas me aparecem corcundas, com pesos morais
Sou contaminado no chiqueiro de pessoas sem luzes
Vagueio sem rumo
E o conformismo exala em minha infeliz face
Minha mente se torna acromática
E não sei mais qual é o sentido pra tudo isso...