Canto do Ipiranga

"-Na'quele tempo ficaram cindido os Lusíadas

E os Brasileidas em rixa sangrenta dos egos.

Causa de um brado escutado nas plácidas margens,

E Os raios de um Sol libertário dos fúlgidos cachos

Que retumbaram nas águas vermelhas de um rio.

Nome que o traz de Ipiranga a Naíade manhosa.

Pedro Primeiro, discente, guerreiro potente,

Do pai Tupã, colorado, terrível dos Andes.

Pedro, pastor das nações e dileto dos Numes:

Foi ele incumbido da Estória amansar pelo Fado.

Tão grande empresa no cargo de um homem suspiro!

Quando desceu-lhe nas margens ao riacho onduloso:

Líbera dama de tez pardacenta que é filha a

Marte incontido das guerras e Vênus de chama

E de paixão soberana faminta exigente.

Tal é progênie da deusa de tez pardacenta

Que no Ipiranga ensinou seus mistérios a Pedro.

Deusa que não se contém por grilhões ou por verbos,

Suas sacras fórmulas, junto ao seu culto obscuro

Fez-se saber ao guerreiro, foi tal com os francos

Que a Liberdade os guiou na latria hecatombe.

É, pois a causa primeira, dos brasos a fúria.

A liberdade tão moça, inconstante; orgulhosa,

Mas que é também sal e açúcar do espírito humano!

Guia que é dos lusos e brasos no sonho nefasto-"