Planetarium (in: Goiânia Post-Mortem)
Perdido na noite infindável de teus olhos negros,
Onde a memória só me traz más lembranças,
Recordo-me de um museu,
Onde um beijo que nunca houve ainda me assombra.
Vi ali, inerte, minha vida esvair-se
E fugir de minhas mãos.
Tentei agarrá-la,
Mas já era tarde:
Morri,
Por ter desprezado a chance,
A única,
Que me destes para viver.
Outra oportunidade de provar da vistosa fonte de teus lábios
Nunca mais tive,
Sequer terei...
Não sei por que,
Ao me envolveres com teus braços,
Retive-me,
Atordoado e paralisado,
Sabe-se lá por que veneno...
Será suicídio ao que se encontra perdido
No deserto
O não usufruir das fontes de um oásis,
Pensando ele que haverá outro mais além?