Amor V (in: Goiânia Post-Mortem)
Não pode o homem comum discernir
A dor que é amar
Sem esperança.
Ainda que se tente conter o jorro infindável
De sua paixão.
É impossível,
Pois não se pode reprimir o amor,
Já que este, sem objetivo,
Fica vagando
E se acumulando,
Sem ter em quem se encontrar
(E quando tem, é rejeitado).
Mas como pode um amor tão prematuramente repudiado,
Um amor que tem como única certeza
A desesperança,
Continuar crescendo,
E agora em escala tão monstruosa?
Eis aí o pior:
Um amor que tanto aumenta,
Mas um amor que já nasceu
Predestinado a morrer...
Não!
Que morra eu,
Que morra a poesia,
Mas meu amor por ti é
E será eterno!
Por todo o sempre te acompanhará meu amor e,
Confesso,
Envergonhado,
Que em meu interior desejo
Que um dia te arrependas por tê-lo recusado...