Saudade do que poderia ser, mas não foi (in: Goiânia Post-Mortem)
Eis que me sobrevém a saudade,
Lancinante e, pesada,
Recai sobre meu amargurado peito.
Pensava eu que seria fácil esquecer-te...
Mas, de que modo,
Se em todas as palavras ouço tua voz,
Em cada brisa sinto teu hálito quente,
E se em cada música deixaste um pouco de ti?
Sei de cor o teu poema,
Aquele, belo e pulsante,
E recito-o para mim mesmo
A todo instante, para que,
Pronunciando palavras que saíram de tua boca
Possa eu assim talvez sentir o sabor de tua língua
E lábios,
Já que jamais os poderei provar...