Na Bandeja
Um diz que me quer ver...
Há tantas coisas a dizer...
Outro diz que está por um triz
Grandes problemas
Mudanças de planos...
Um queria falar de si
Queria meu ombro
Meu ouvido, minha atenção...
Já se foram tantos anos...
E a vida vem me dizer
De vez em quando,
Que eu sou porto seguro
Que eu sou abrigo...
Outras vezes me pego comigo mesma a me olhar...
Trago nas mãos a bandeja
Das minhas dores cobertas com um pano...
Às vezes quero mostrá-las...
Descobri-las e dizer:
Olhe aqui...Tenho minhas dores também...
Mas parece que há alguém que necessita mais...
Então caminho levando-as
À parte, quase ocultas, na bandeja...
Não sei quanto tempo há de passar
Para que elas evaporem
E um dia eu as olhe e não as veja
Não quero carregá-las pra sempre
Tenho coisas melhores em mente...