FUMO
O fumo que leve
foge entre meus dedos
é o mesmo que me leva
a fugir deste meu medo.
A procurar uma saída
para os meus problemas
que no dia-a-dia da vida
vão se compondo feito poemas.
É este mesmo fumo
que me devolve a paz
quando eu o consumo,
deixando a fumaça para trás.
O fumo que me distrai
vai aos poucos exalando
a dor que me contrai
enquanto o tempo vai passando.
No fumo que ficou perdido
à borda de um cinzeiro
vejo o quanto fui esquecido
pelo os meus companheiros.
E é para aliviar a dor
desta minha realidade
que no fumo sinto o sabor
das antigas amizades.
Nova Serrana (MG), 29 de outubro 1984.