Ó BEM-TE-VI VOU TE CONTAR...

Até aqui vivi... Ó bem-te-vi!

E tu que vives das manhãs cantar

Não sabes o que vou, eu, te contar

O que pensei não foi o que eu vi...

Eu vi de sol a fome se cobrir

Mas eu pensei que fosse saciar

Com pão e leite a se compartilhar

Das mãos do que mais tem a descobrir...

Eu vi o dia os lares percorrer

Dos mais paupérrimos aos abastados

Pensando existir algum dos lados

Em luz ligassem-nos aos pares cada ser...

Eu vi de altares os entardeceres

De ouro e diamantes lapidados

Mas eu pensei que não houvessem dados

Lugares sorteando os misereres...

Pensei nos avatares... Vi mentira

Por séculos e séculos vencer

Mas sei o Mestre todos envolver

Em seu perdão num manto "caxemira"...

Eu vi as trevas sobre dias claros

Do pó pelas cruzadas com o vento

Mas eu pensei levarem sacramento

Entanto, só as dores sem reparos...

Eu vi, enfim, a "rosa hereditária"

Ser transportada às gerações futuras

Das mentes mais que cegas, imaturas

Nas marcas de essência ordinária...

Ó príncipe dos misereres nu

Ainda não se viu a diferença

Nem pelo sangue, marca de nascença

Lá do palácio à um rés paul...

Ó rei dos hecatombes tua morte

Revestirás de ouro toda urna

Mas tua carne podre sob a furna

À do mendigo tem a mesma sorte...

E é assim que tudo se acaba

Pro corpo sim, mas não pra tua mente

Pois viverás, etéreo, eternamente...

E um dia volverás a uma taba...

Autor: André Luiz Pinheiro

11/09/2017