Sr. Juíz
Sr. Juiz, por favor,
Não prenda este coitado.
Perdeu um dedo e jovem,
Já virou aposentado.
Mal sabe ler e escrever,
Creio que nem tenha terminado o primário.
Seu passado foi sofrido,
Por pouco tempo foi operário.
Até virar sindicalista,
Defendendo o empregado diante do empresário.
Na ditadura foi preso,
Sempre convidado a dar explicações ao delegado.
De viatura, com mordomias, levado,
Sempre que entrava, havia um policial oferecendo um cigarro.
Pessoas dizem, que muitas vezes,
Este pobre coitado foi beneficiado,
Pela “delação premiada”,
Entregava se soubesse o culpado.
Hoje diz que delação é fruto do medo,
De corruptos de serem condenados.
Onde estão seus aliados?
Políticos influenciadores e grandes empresários?
Quase todos em alguma cela,
Presos espalhados por quase todos os Estados.
Se solto, o delatam. O acusam de ladrão,
Logo ele, esse pobre coitado.
Porém a culpa não é dele,
A culpa é dos canalhas, que insistem em o entregarem.
E da falecida esposa, que informações escondeu,
Sem saber se foi roubado ou é dinheiro de lavagem.
Sr. Juíz, o pobre homem, mesmo inocente já foi condenado,
Pelo sítio que não era dele, era apenas emprestado.
É apenas de um amigo,
Como pode ter um sítio este homem sem posse, desafortunado?
Todos os bens que possui,
Foi pelo banco financiado.
BNDES é se banco,
Se desejar, pode pedir um extrato.
Seu salário vem de palestras,
Realizada para grandes empresários.
Sr. Juíz, digo novamente, este homem é inocente,
Todos os outros são culpados.
Desde a falecida esposa,
Até este bando de empresários.
E esse políticos que o deletam,
São ladrões engravatados.
Sr. Juíz, tudo que disse foi balela,
Encarcera esse otário.
Que rouba o dinheiro do povo,
E se transforma em milionário.
Leve junto esses políticos,
Todos que fora denunciados.
Se culpado os prendam,
Se esquerda ou direita, não interessa,
Quero ver todos vestidos de presidiários.
E que sirvam de exemplos,
Para o próximo guardião de nosso Olegário.