SERÁ O BASTANTE?
“Sou inocente e bom, será bastante
Ou não conforme o júri, o tribunal –
Algaravia de cínicas hienas
Em ternos pretos como torsos necrosados.
Já me encontraram novamente! Não me deixarão?
Sou inocente e bom, isso é o bastante.
As máscaras do trágico ainda servem
Se espelho hostil me ofende com detalhes –
Caminharei sobre estilhaços mudos,
A desdenhar retalhos da verdade.
Um grito a alçar seu vôo, alma que diz
‘Sou inocente e bom’, será o bastante?
Percebo o quão vazia é a queixa, o espúrio
‘Somos todos...’ da causa, dos fracassos
– meu estigma – num cais para Utopia.
Ergo, no entanto, faixas e bandeiras,
Acenos à justiça mais distante.
Sou inocente e bom, isso é o bastante.”
.