Ditirambos e outras vozes

Tomo uma dose de bruma da manhã;

Os pulmões se enchem, expandem-se,

Bebo a poção de Circe:

Meus companheiros são porcos, eu não.

As palavras desenrolam-se numa turbulenta

E tísica metáfora da potência de ser que sou.

Ergo voos sobre os homens,

Como são medíocres os homens,

Esperando pelo seu senhor.

A ira como um tigre salta-me do peito e grita:

- Há alguém em casa?

Meu lado mais perverso é que tenho de melhor;

O fel doce escorre do Olimpo como a ambrosia dos deuses,

Delicio-me com bile amarga,

Vejo a ferida do homem verter pus:

A escuridão tomou-me.

Não saio nunca de mim;

Piso em cinzas e torno-me, pouco a pouco, não vida.

Sou trevas que desaguam no caos infinito das sombras,

A luz do meio dia não me atinge:

Sou o eremita das trevas, a paisagem bucólica do fogo eterno me excita.

O desejo vibra como uma forte torrente

Emanada do ser assim como sou.

Porcos, porcos e mais nada:

Todos afundados na lamacenta civilização.

Se eu tivesse uma noz para ser rei,

Sou o rei de uma província vazia,

Ela é apenas habita por mim, que a preenche por inteira,

Sou rei e súdito, apenas porcos me cercam,

Animais que são fisiologicamente incapazes de contemplar as coisas não objetivas.