Deixa Estar
Fico menina e gosto
De escutar a conversa entre
O pai e O meu Pai do Céu
| Foi o meu Pai quem mo deu |
Largou-me passarinho com a asa quebrada
Menina passarinho sem jardim
Bem na porta dA Sua Casa
Sem ser flor e sem ser nada.
Passarinho, também era não...
Este querer ser, eu dei-me, então
Para poder caber na palma da tua mão.
E eu gosto da intimidade
Que brota da palavra | mente:
DO meu Pai em comunhão com o outro
E faz brotar Vida da Água corrente
Daquela que sacia toda a sede
Dos perdidos.
E esparramam-se pelo mundo dos sem chão
Lindas Dores-Flores nascem em botão
| Dores-Flores é uma flor que inventei eu
Gosto de inventar flores... E pasarinhos meus |
O meu Pai me deu o pai
Não... não é daqueles de verdade
Do amor humano e nem da carne
Nem das complicações da gente grande
É o pai (des)Colorido...
Colorida | mente... um bavo!
Visão multifacetada | mente
Sobretudo, sobre tudo.
E que Ama como criança
Braços abertos aos que chegam
Porto seguro aos que choram
Refúgio aos Seus execrados, Pai.
Diferente | mente... Diferente...
E eu, tão esquisita | mente.
Sem caber... Tão sempre desadequada | mente.
Fico menina e gosto
De escutar falar o pai
Sobre as maravilhas de meu Pai do Céu.
Despetalo-me em bem me quer
A misturar Pai com pai em Verdade
P'ra depois (des)misturar, resulta
Num imenso colorido na chuva
Que desbota... em vindoura saudade
Dessas que dói e que brota dos olhos
E que não é física e nem tem idade e nem nada.
Deixa estar... Deixa ir...
Asinha curada e flor nO jardim.
Nele eu vou voar, Amar e servir por aí...
Não prometo, para trás, não olhar
E acenar a saudade molhada
Com a chuva que brota do olhar.
Vou de coração amoroso e grato
Com a minha Paz... Não nos outros.
A Paz que só Dele provém.
Flor menina crescida enfim.
E eu sei... Eu sei que sim...
Que O meu Pai prepara um lindo jardim
| Por Um Amor que eu não compreendo... |
Para mim.
Karla Mello
13 de Setembro de 2017